Pais na escola, isso é possível?

Não só é possível como essencial! Mas depende basicamente do posicionamento da escola.

Se colocarmos uma lupa no modelo tradicional, que é amplamente adotado em nossa cultura, o foco é a transmissão de conteúdo, não incluindo processos mais complexos que se relacionam diretamente com emoções e sentimentos. Bom, então nesse caso torna-se complicado mesmo, porque a essência do aprendizado só ocorre através da experiência e sentimentos envolvidos. Pelo menos é assim que acreditamos na educação, completamente viva! Então quando digo que depende basicamente da escola, digo que se esta visão não está no DNA da instituição, não fará sentido o chamamento dos pais, pois será apenas formalidade ou protocolo.

Vamos focar no que acreditamos, escolas como a Yellow, priorizam um aprendizado baseado nas relações, ou seja, pais presentes física e emocionalmente. Esta participação, dentre outras coisas, traz a identificação da criança com um comportamento cooperativo, aumenta sua segurança e autoestima, assim como a capacidade de fazer amigos e desenvolver relações saudáveis. Escolas inovadoras dão voz às crianças, chamam a comunidade familiar para perto e funcionam como um espaço democrático. A interação contínua da equipe com as famílias também é vital pela busca da resolução de problemas de forma imediata, considerando sempre as causas das adversidades.

É importante pontuar que não só a presença em eventos ou o acompanhamento do dia dia da criança bastam para ser considerado um envolvimento efetivo, é preciso que a escola tenha uma via de receptividade e comunicação que esteja completamente aberta às famílias, de modo que formem uma unidade. Do mesmo modo é essencial que a comunidade dos pais utilize o mesmo formato de diálogo com a escola, formando uma efetiva rede de colaboração.

Escola e família brincando juntos

“- O bom da pipa não é mostrar aos outros, é sentir individualmente a pipa, dando ao céu o recado da gente.

– Que recado? Explique isso direito!

– João olhou-me com delicado desprezo.

– Pensei que não precisasse. Você solta o bichinho e solta-se a si mesmo. Ela é sua liberdade, o seu eu, girando por aí, dispensado de todas as limitações.”

(Calos Drummond de Andrade apud Carvalho, Ana M. A. e Pontes, Fernando A.R.)

Assim, com a finalidade de girar sem limitações, que a Yellow mais uma vez trouxe a família para brincar. Neste mês de agosto a proposta foi uma gincana, não destas em que precisa ter o vencedor e a premiação, mas uma gincana do bem, com provas que faziam sentido. Diversão que ajudou com alimentos a Retomada indígena Arado velho; tarefas que objetivaram a criação de brinquedos afetivos para as crianças. Ah! Mas não teve um grupo vencedor? Teve sim, a Yellow venceu! A família Yellow deu show em participação, colaboração, e trabalho em equipe.

Ok! Ok! O G5 foi o que mais pontuou e levou uma cesta de piquenique para confraternizar.

Mas a maior vencedora foi a infância!

Recordar a infância nos permite reviver sentimentos potentes que ajudam na tarefa desafiadora de educar. A intuição é ativada por esses sentimentos que emergem das profundezas, nos tornando mais confiantes.

Além disso, acessar as memórias de infância é sinônimo de renovação, energia e criatividade. Reconectar-se com a criança interior auxilia no relacionamento e educação dos filhos. Aos poucos vamos costurando memórias por meio da troca afetiva e participação em família.

A parceria entre família e escola traz impactos positivos não só para a vida e formação da criança, como também vivifica a escola. A presença diária de familiares e amigos das crianças no ambiente escolar e nos encontros torna o espaço mais útil e dinâmico.

 

Esse é o propósito principal da Escola Yellow: ser viva, ativa, estar em movimento!

Simone Marcelino Bergental

Coordenadora Yellow

O que é inovar na educação?

Quando falamos de inovação em educação há quem pense somente em tecnologia.

Bem, tecnologia é, e sempre foi, uma ferramenta evolutiva por excelência. Mas a questão da proposta atual da educação é muito mais profunda.

A formatação da escola atual iniciou numa das grandes revoluções econômicas mundiais: a industrial; e apesar de já ultrapassada em duas revoluções, continuamos com o mesmo modelo.  

É aqui que começam os questionamentos: a estrutura da sociedade, colocando aqui questões culturais e econômicas, estava voltada para uma necessidade de produção em série, então a formatação da escola replicou esse paradigma. O pensamento, as exposições, as experiências e os conteúdos são todos segmentados. Isso, sem contar com o outro olhar sobre os sentimentos. Sim, porque o desejo do educando ficou substituído pelo desejo do educador. A criança não pesquisa o que incita, mas sim aquilo que é ditado.

Não estamos mais numa sociedade linear, estamos numa sociedade em rede.

Portanto o primeiro grande braço da inovação na educação é trabalhar a escuta do desejo e ampliar o processo de projetos e pesquisas assim como a construção da autonomia de quem aprende.

E toda esta trajetória só faz sentido na utilização de recursos que o acolham com afetividade e aceitação genuínas.

Mas como é inovar?

Inovação é palavra do momento e apesar de significar uma necessidade real, muitas vezes é usada de forma estética e não ética. Porque uma palavra não significa nada se não existir um movimento. E movimentar-se é contar com o imprevisível é não ter medo de errar na busca do aprendizado.

Tive a oportunidade de ter aula com três grandes professores de futurismo que foram unânimes em uma questão:

Inovar é frio na barriga, se tudo parecer muito estável não há desconstrução de paradigmas.

No auge da transição tudo parece estar dando errado e o frio na barriga sobe para o nó na garganta, dá medo. Mas o medo se dissipa e a segurança de que esta é apenas uma etapa necessária, nos faz retomar a confiança. Porque no meio do caminho, entre o frio na barriga e o nó na garganta tem um coração pronto para dividir com sua comunidade uma construção conjunta de um mundo novo. Não existe nada que faça mais sentido no admirável mundo novo que nos tornemos cada vez mais humanos.

Uma das frases que mais admiro é de um grande e visionário escritor, chamado Alvin Toffler, que diz:

O analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender, e reaprender.

Portanto não devemos nos manter sempre no mesmo lugar!

Escolas tem obrigação de buscar o autoconhecimento do seu organismo e o conhecimento das trajetórias passadas e futuras da educação, em busca do que faça sentido no presente.

E foi na busca de sentido que mergulhamos no propósito do nosso trabalho, que é o acesso ao processo criativo das nossas crianças.

Agnès Françoise Straggiotti Silva

Psicóloga escolar e psicoterapeuta fundadora da Escola Yellow Kids