O que é inovar na educação?

Quando falamos de inovação em educação há quem pense somente em tecnologia.

Bem, tecnologia é, e sempre foi, uma ferramenta evolutiva por excelência. Mas a questão da proposta atual da educação é muito mais profunda.

A formatação da escola atual iniciou numa das grandes revoluções econômicas mundiais: a industrial; e apesar de já ultrapassada em duas revoluções, continuamos com o mesmo modelo.  

É aqui que começam os questionamentos: a estrutura da sociedade, colocando aqui questões culturais e econômicas, estava voltada para uma necessidade de produção em série, então a formatação da escola replicou esse paradigma. O pensamento, as exposições, as experiências e os conteúdos são todos segmentados. Isso, sem contar com o outro olhar sobre os sentimentos. Sim, porque o desejo do educando ficou substituído pelo desejo do educador. A criança não pesquisa o que incita, mas sim aquilo que é ditado.

Não estamos mais numa sociedade linear, estamos numa sociedade em rede.

Portanto o primeiro grande braço da inovação na educação é trabalhar a escuta do desejo e ampliar o processo de projetos e pesquisas assim como a construção da autonomia de quem aprende.

E toda esta trajetória só faz sentido na utilização de recursos que o acolham com afetividade e aceitação genuínas.

Mas como é inovar?

Inovação é palavra do momento e apesar de significar uma necessidade real, muitas vezes é usada de forma estética e não ética. Porque uma palavra não significa nada se não existir um movimento. E movimentar-se é contar com o imprevisível é não ter medo de errar na busca do aprendizado.

Tive a oportunidade de ter aula com três grandes professores de futurismo que foram unânimes em uma questão:

Inovar é frio na barriga, se tudo parecer muito estável não há desconstrução de paradigmas.

No auge da transição tudo parece estar dando errado e o frio na barriga sobe para o nó na garganta, dá medo. Mas o medo se dissipa e a segurança de que esta é apenas uma etapa necessária, nos faz retomar a confiança. Porque no meio do caminho, entre o frio na barriga e o nó na garganta tem um coração pronto para dividir com sua comunidade uma construção conjunta de um mundo novo. Não existe nada que faça mais sentido no admirável mundo novo que nos tornemos cada vez mais humanos.

Uma das frases que mais admiro é de um grande e visionário escritor, chamado Alvin Toffler, que diz:

O analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender, e reaprender.

Portanto não devemos nos manter sempre no mesmo lugar!

Escolas tem obrigação de buscar o autoconhecimento do seu organismo e o conhecimento das trajetórias passadas e futuras da educação, em busca do que faça sentido no presente.

E foi na busca de sentido que mergulhamos no propósito do nosso trabalho, que é o acesso ao processo criativo das nossas crianças.

Agnès Françoise Straggiotti Silva

Psicóloga escolar e psicoterapeuta fundadora da Escola Yellow Kids